De Botafogo para o Centro



Eu nunca gostei de viajar de metrô. Sempre gostei de ver gente, mas gente coberta de paisagem. Eu ia de ônibus até a central olhando a baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, em um por de sol com gente caminhando pra lá e pra cá. Certa vez, decidi percorrer o caminho a pé. Não era muito pra quem caminhava horas no centro dedicado ao ofício. Eu fui e no meio do caminho, percebi várias coisas e entre uma delas um cara sozinho, lutando com o vento. Não entendi que tipo de luta era aquela em que se luta sozinho, mas me lembrou muito as lutas que via quando menino nos filmes de artes marciais, nas cenas principais em que o cara tentando se reerguer, retomar sua honra, permanece durante horas sozinho e lutando contra o vento com uma música de fundo pra lá de motivacional.
Eu fico pensando se isso acontece com a gente, mas sem precisar de todo esse lance cinematográfico. É como se um sentimento tomasse a gente e de repente começássemos a lutar contra o nada, apenas para nos sentir melhor.
Mas no caso daquele cara, existia um propósito muito maior. E isso se prolongou por várias semanas. Depois de muito tempo, indo para o centro, avistei de dentro do ônibus ele, o cara que lutava contra o vento, mas me parece que o vento era muito forte, potente, brutal, porque ao seu redor havia mais 5 pessoas lutando pelo mesmo motivo. Depois mais 10, depois mais 15, e quando me dei por conta, havia umas 40 pessoas ao redor daquele homem. Todas elas estavam lá, produzindo os mesmos passos, as mesmas ações e movimentos. Ele havia conseguido unir tanta gente com apenas um propósito. E não forçou ninguém a fazer aquilo, simplesmente ele era um líder e as pessoas enxergaram isso nele. Bacana não?
Mas minha viagem continua até a Cinelândia, e no caminho pude ver tantos campos de futebol que daria para formar um maracanã completo com a quantidade de gramados. Era torcida, gente jogando futebol, saúde, qualidade de vida, Sucos, cervejas, batuque, sol...
Eu confesso que sinto inveja toda vez que passo por ali, eu vindo de um dia cansativo de trabalho me deparo com aqueles caras correndo atrás da bola, com o propósito do divertimento, com o elo e a união que o futebol proporciona. A vida pra eles parecem ser muito mais divertida, porém ouço sempre um ditado que diz: "O trabalho enobrece o homem". Mas não vi nenhum daqueles homens com jeito de cafetão. Só acho que eles souberam aproveitar mais a vida e as oportunidades. E eu, luto todos os dias para ser um grande homem. Talvez eu chegue perto daquele ritmo de vida. Só sei que falta muito ainda. Ou não.

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