Rato de Laboratório


Não entendo como posso ser assim, tão tolo, tão distraído com a vida.
Eu me canso só de pensar.
As pessoas usufruem de minha inocência, da minha falta de rudez, tentam me forçar a indelicadeza por atos de crueldade, acham que podem falar o que quiser para mim, de mim e sobre mim. Eu tenho vontade de fazer parte de outro mundo. De querer sumir dessa correria, dessa falta de compaixão. Eu odeio a humanidade. A quem se deve esse nome, quando na verdade sua melhor qualidade é ser desumana? Não passamos disso, de pessoas falhas e desumanas.
Quando eu sinto que alguém me afronta, eu perco forças. Quando escuto alguém falar mal de mim, eu diminuo. Somos seres altamente inferiores e tão insignificantes que não conseguimos enxergar nossa própria casa de vidro. Tenho medo do que posso ser. Do que posso fazer por influência dos outros, não que eu seja uma pessoa influenciável, mas hoje somos consumistas de idéias, de sentimentos, de reações que a sociedade nos impõe. E isso é ser um rato de laboratório.
Tento ser eu mesmo, ignorando fatos e casos, mas quando me pego parado, sinto arder a raiva em mim, porque sempre há alguém para virar a mesa, mudar as cartas, revirar meu jogo.
Sou chato. Gostaria de não ser. Se me tivesse a coragem tomada com antecedência poderia ser eu o homem do canto. Ser humano triangular que se fecha no “v” de suas limitações enquanto corpos se movimentam nessa cidade agitada. Seria eu feliz no meu mundinho particular?
É injustiça o que fazem comigo, com minhas intenções. Deturpam, denigrem uma imagem que cultivo e demoro. Mas em questão de segundos, é destruída.
Eu sofro. Eles riem.
Quando me deixarão em paz?
Eu não quero o mal de ninguém, de fato sou forçado a isso. E cada vez mais perco o contato. Com a vida, com a simplicidade. Porque enquanto houver pessoas que almejam minha capacidade de tolerância, que fazem questão de acrescentar em meu currículo um homem de atitudes ruins, eu jamais deixarei de fazer parte desse imenso cenário de doentes.
E nessa epígrafe em que me rotulo, continuo sem entender como posso ser assim, tão tolo, tão distraído com a vida.
Eu me canso só de pensar.

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