Tenho visto aos domingos, no programa Fantástico, pessoas famosas revelando suas vidas em somente quinze segundos. Se tivesse uma dessas oportunidades, seria tão breve que o tempo recusaria espaço e se encolheria.
É quase impossível resumir-se em tão pouco prazo, o que não cabe a mim. Eu levo ao pé da letra minha vida condensada, tudo isso em quinze segundos e nada mais. Caso eu extrapole, perdoe-me. Por mais que eu tente levar a efeito o que prometi, pode haver uma falha humana, essa falha corresponde a uma mistura de euforia fora do normal e desespero.
Acima da compreensão, existe a razão pelo qual estou escrevendo. Não espero que você entenda, apenas leia pausadamente. Vou lhe contar um segredo sem muito sabor: nem eu às vezes me entendo. Para acabar com todo esse enleio, segue minha existência em quinze segundos:
- Eu nasci, cresci, morri, nasci de novo, cresci outra vez e espero não morrer nunca mais ou pelo menos por enquanto. Quem dera eu poder seu outro ou se não outro ser o que fui em tanto. Pra esgotar todo esse pranto que pra inseto é chuva fina. Com muito prazer eu me chamo: Leonardo Lima.
É isso talvez… ou talvez seja isso. Rimas falsas pra completar a falsidade que foi minha vida. Estampando a miséria e a inocência, que duraram muitos aniversários meus.
Até o momento tenho a velha foto já colorida, segurando uma bandeira velha do Brasil em cada mão, com um sorriso banguela e um short azul colocado de qualquer jeito. De qualquer jeito eu vivi, dividindo com meu irmão mais velho o quarto fantasia do Mikey Mouse. Tudo nele lembrava a Disney. Lembro perfeitamente… as bolas cheias de estrelas, os lençóis, as cortinas, o abajur do palhaço – no qual morria de medo – e as roupas com cheirinho de nada. Éramos pobres e com orgulho. O mesmo orgulho de um bolinho de chuva acompanhado de um gole de café depois do almoço, recheados de dignidade. Amava a tarde, amava estudar, amava brincar de noite de pique-pega, pique-esconde, carniça, taco, pião, pipa, bolinha de gude… e futebol. Ah… como eu jogava futebol. E o sonho de criança em ser jogador ficou pra trás junto com meus brinquedos de peças faltantes. Não posso ser aquilo que sonhei, mas hoje sou um homem de bem. Isso pra muitos é quase impossível.
Passei por bons bocados. E desses bons bocados, assistir um homem e uma vila conquistar o mundo, vi cavalheiros lutarem pela paz, pude apreciar uma jovem loura descer de uma nave, fui fã de um carrossel, apreciei desenhos inocente e mentirosos e pude notar que o mais verdadeiro, a fera era alguém extremamente belo. Percebi o elo perdido entre as pessoas, espantei-me ao ver que uma maça quase destruiu uma mulher branca e que uma carroça, pode sim virar uma abóbora. Conforme fui crescendo, aprendi com um mestre baixinho, considerado mago, algumas lições que levei para a vida. Aprendi que por mais que você tenha cabelos enormes e vistosos, alguém acabará usando-o como corda. E por mais que você não possua poderes, os seus heróis vão sempre estar em sua mente dizendo que responsabilidade também é poder, e que não existe melhor momento do que o tempo que você escolhe, aquele que você preferiu para contar em um roda de amigos, ou numa carta, ou no seu blog… ou você acha que minha vida se resume só a isso?
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