Violência



Qualidade do que é violento; ato de violentar; veemência; constrangimento exercido sobre uma pessoa para obrigá-la a fazer ou deixar de fazer um ato qualquer; opressão...

Talvez seus significados tomem força maior quando juntos, pois a quantidade nos causa medo. E o medo nos torna incapazes de agir. Muitos a favor da idéia de que a qualquer momento tudo isso passa.
Eu os digo... Até a próxima vez.
Nada mais faz sentido, quando vejo no noticiário um homem, que com receio de toda essa violência se expôs pelo nome “A.”, foi atingido dentro de sua própria casa por estilhaço de bala no braço direito. Quem sabe a 40ª pessoa a ser vítima apenas do confronto ocorrido nos últimos dias na Vila Cruzeiro. Se é que podemos chamar de “Vila”. Prefiro “Campo de Concentração Cruzeiro”. Apesar de não parecer de bom aspecto, quero que fique claro as lindas barricadas construídas, mais que obras-primas do raciocínio lógico, focando a atenção dos policiais e ocultando os alvos. Muitos desses alvos são vítimas e não culpados. E muitas dessas vítimas são corajosas que criam manifestos em busca de piedade, em busca de algo atemporal, esquecido por todos. Somos sacrificados pelos interesses dos outros. E o que sobrevive? A idéia. Essa vive de tempos em tempos, como um símbolo de manifesto sem manifestantes.
A postura dos criminosos juntamente com a dos nossos “Heróis”, estampa o lado tenebroso no qual me pergunto: quem está defendendo quem ou o quê? Ou qual desses está do nosso lado? Ouvimos do asfalto não o mesmo que ouvimos nas comunidades, a relação do que vem a ser ou não heróis se reveza. Dentro das chamadas facções, estão os heróis de metade de uma população irracional, que imaginam estar segura por alguma razão. Mas não existe segurança, não existe lugar seguro quando o assunto é o Rio de Janeiro. Entre tudo o que vem acontecendo, estamos nós. Parte de um se vende ao outro e enquanto isso ficamos com nossas mãos atadas assistindo mais um caso na ”Vila” Cruzeiro. Aconteceu isso antes e vai acontecer de novo, talvez em proporções maiores, talvez em grandes quantidades. Torcemos para não acontecer com gente, pois o que seria de nossos parentes, de nossos amigos...
Não é mais possível dizer na santa inocência de Gilberto Gil que "o Rio de Janeiro continua lindo/ o Rio de Janeiro continua sendo". Infelizmente a realidade nos mostra o contrário. Mas nem todos querem enxergá-la, vivendo em ritmo de carnaval perpétuo. Lá em cima, no morro, os traficantes comemoram tamanho entusiasmo no consumo de substância ainda proibidas.
Logo, fica claro que o grande problema do Rio de Janeiro é o povo do Rio de Janeiro. Por isso para solucionar o problema do tráfico que gera tamanha violência, basta o governo federal remover toda a população do Estado. Com tal ação os traficantes finalmente desceriam do morro e tomariam conta da cidade. Como eles já mandam na cidade ninguém ia notar a diferença. Os cariocas seriam removidos para outro lugar onde pudessem viver em paz. (Ilusão ou não...)
É óbvio que os criminosos se veriam privados de seu maior mercado consumidor. Adeus dinheiro fácil. Por conseqüência, o negócio entraria em crise. Sem tem para quem vender os traficantes seriam obrigados a acabar com o produto excedente, o que causaria mortes por overdose. Ou então, por puro tédio acabariam se matando uns aos outros. Claro que o Brasil perderia algumas praias interessantes e teria que rever alguns cartões-postais. Mas sempre dá para construir outro Cristo Redentor. Aliás: “Vote no Cristo para ser uma das sete maravilhas do mundo!” Ou “Seja um voluntário para o Pan de 2007”. “Quem sabe assistir a novela das sete, rir um pouco”. Em meio a tantos setes, deparei-me com uma notícia ainda quente, onde fui informado que sete pessoas morreram por balas perdidas nas ruas da capital. (Se é que se pode dizer perdidas)Perdida ficou a solução mais concreta. Não temos a certeza do que fazer realmente. Temos somente a dúvida se vamos sobreviver a tudo isso. Talvez eu sobreviva. Talvez sobre. Talvez viva. Mas o que mais me chateia é esse encher de lingüiça, assim como o meu texto, apesar de revelador, não muda em nada.

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