Nas páginas amareladas e mal escritas de minha vida


Quando me pego parado, assistindo a mim mesmo pela janela, procuro aprender alguma coisa com isso que chamamos de vida. Eu às vezes tento entender como funcionava o universo, como conseguimos construir idéias e destruí-las em questão de segundos.
Pessoas paralelas.
Dois mundos.
Questionamentos.
Tudo se revela num começo muito doce, mas no fim vem o amargo e você começa a sentir o lado negro da força. É uma questão de sabedoria. Todos deveriam saber que não há bem se não o mal, que não há calor se não o frio. Aliás, todos devem saber, mas por fim esquecem.
É por isso que talvez eu esteja aqui, me vendo. Observando de soslaio as minhas atitudes em vão. Esperançosas. Falidas.
Se não fosse minha vontade de continuar tentando, eu juro que cedo ou tarde me bastaria nunca ter existido. Ser ou não ser, eis a questão. Apelativo ou não, meus pensamentos se resumem a desistir ou não desistir. Pois em tempos modernos como esse, um sonho pode ser nada de mais, um beijo pode ser apenas o início de muitas liberdades. E eu só quero ficar preso.
Durante as minhas tentativas errôneas, tenho encontrado alguns rostos de semblantes contrários, de beiços expressivos, de olhares diferentes. E diante de tudo o que já vi na vida, em alguns casos, procurei ser eu, me entregando de bandeja, assim como se entrega uma boa dose de Martini ao melhor cliente de um fino restaurante.
É confuso, confesso. Porque nunca, nas páginas amareladas e mal escritas de minha vida, foi entregue a dose pra pessoa certa.
Mas em todas, eu sempre acreditei ser.
E hoje eu estou aqui. Pensativo. Cansado. Desejando que pelo menos consiga embriagar, uma única vez, alguém por intenção. A quantidade das que já vi caírem aos meus pés durante as minhas longas passadas não faz de mim um ser vitorioso, pelo contrário, tenho vergonha. De ser eu. De me ver andando, machucando alguns corações e sendo machucado. De achar que a pessoa certa para mim é aquela que não me vê como certa.
Talvez eu me intitule um babaca por fazer coisas que até Deus duvida.
Ou talvez eu continue sendo assim porque sei que o fim não justifica os meios. Que talvez eu tenha nascido pra isso mesmo, pra ser um babaca de cabelo liso e pele branca que sai a procura de caça e é caçado. Sem pena. Sem volta ou revolta. Apenas servindo de piada para o meu quarto mal iluminado ou, quem sabe, para o recente livro que estou lendo – O clube do Filme – do qual, retiro um pequeno trecho que consegue resumir a força inspiradora que me faz perder um pouco do medo de ser um fanfarrão completo.
Este trecho é:

“A questão é que, às vezes, você não sabe como irá se sentir em relação a certas coisas, até que seja tarde demais. Não é uma experiência pela qual se deseje passar.”

Não mesmo.
Mas passamos.
Nem sempre conseguimos evitar.
E por mais que a última tentativa – de janelas verdes e pensamentos misteriosos – me faça sentir outra vez desiludido, manterei firme minhas asas adultas e sobrevoarei as expectativas causando-me um bem estar falso e momentâneo. Essa é minha alternativa. Não há como escapar. Acho que vai ser ruim por uma semana ou duas, mas eu vou superar. Como sempre tenho feito.
Se eu não percebesse a frieza em seus olhos ou se eu não sentisse a dureza do seu silêncio, tudo acabaria com um desejo incontrolável de um final feliz. Ao contrario disso, ficou o vazio de uma ligação não atendida, a falta de língua em minha boca sedenta.
Enquanto isso, a felicidade se esconde, não sei por onde, deixando-me o fim e esse ruído em meu ouvido de rádio fora do ar. Em algumas horas isso deve passar.
Sempre passa.

3 comentários:

  1. Lindo!!!
    e faço minhas as suas palavras:
    "Essa é minha alternativa. Não há como escapar. Acho que vai ser ruim por uma semana ou duas, mas eu vou superar. Como sempre tenho feito" LL

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  2. Passando pra desejar um Feliz Ano Novo!! Grande abraço!!

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    Respostas
    1. Grande abraço mano! Feliz ano novo pra todos nós! Sucesso paz e saúde!

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