Humilde mortal sem poder...

Neste momento estou em um carro de transporte público a 90 km/h, aproximadamente. Tentando escrever sobre algo que em minha mente tornou-se questionável. Procurar respostas assim, em uma noite chuvosa, faz meu pensamento ser embaçado como os vidros que me cercam e não me deixam ver o que há lá fora. Mas o que existe lá? O vazio? Ou um bolo gigantesco com recheio de vida?
Penso nela o tempo todo, digo… na vida. Essa variável endógena que dá sentido em tudo o que se movimenta por vontade própria. Ela é engraçada pois, nela você decide as escolhas que se perpetuam em derrotas ou glórias, acertos ou erros, virtudes ou defeitos… às vezes essas escolhas não são feitas da maneira que você queria, elas são impostas a você, te forçam. Contrárias, só servem para mascará-lo, torná-lo mecanismo de uma sociedade falsa. Vejo poucos que conseguem. Vejo muitos que tentam, mas vejo poucos que aguentam…
Meus olhos não suportam mais, questiona tudo o que vê, se entristece! Amargamente tolera algumas situações por pura rotina, e quando estão a sós, sem ninguém os vigiando, derramam-se em lágrimas. Não é a toa que o coração desacelera, dói. Quando vejo que minha vida se tornou o inverso de meu espelho, tento manter minhas esperanças por completo, para não frustrar-me ainda mais. Ser aquilo que meu pai não quis. Errar naquilo que minha mãe não pediu… são passos de um andar impossível. Meio envergado, eu sigo. Linha reta não me pertence, sou um verdadeiro ziguezague em condições subumanas, sou um humilde mortal sem poder…
Particularmente, tento fazer o possível para agradar as pessoas, mas nunca consigo ser agradado. Vejo minha missão como algo necessário para o próximo, não para mim. Isso me fez lembrar de uma das aulas de marketing, no qual o mestre disse sobre metas para os alunos. Metas que seriam importantes para se chegar ao objetivo pessoal. Talvez, pensando assim, meu objetivo pessoal seria levar para as vidas dos outros um pouco mais de felicidade, e secar todo o meu pote de.
Se analisarmos bem... Somos frustrados porque nossas escolhas quase sempre são baseadas em sonhos que ainda não conseguimos realizar, às vezes impossíveis. Se sua felicidade é ser mendigo, você será um mendigo feliz, pois além de não exigir nenhuma força sobrenatural para que isso aconteça, você já conquistou uma de suas metas, ou até mesmo seu objetivo. É claro que esse exemplo está no hall de exemplos inapropriados, pois neste mundo ninguém quer ser mendigo, garçom, garçonete, coveiro, lixeiro… todos querem o melhor! Mas o que seria o melhor para você? Aquilo que você deseja ou considera ser o topo de suas conquistas, ou aquilo que é necessário para poder contribuir para o motivo de sua existência. Às vezes existimos pelo propósito contrário ao que acreditamos. Ninguém pode fugir de seu destino, assim como eu não posso. Se pudesse escolher sem a intervenção de algo maior, seria somente eu e minhas próprias decisões, mas além de minha capacidade de sonhar está a capacidade da aceitação. Aceito o que estou fazendo, mesmo sabendo que o que procuro vem na direção oposta numa estrada de mão única. Uma hora sei que vamos nos encontrar e a batida vai ser desastrosa. Será a morte do meu idealismo. Serão peças no chão, canetas espalhadas, papéis sujos de sangue… sei que vai doer mais nos outros do que em mim, porque a dependência é maior. Eles não sabem disso, mas vão saber…Por enquanto vou ficar aqui, tentando levar a vida que me foi concedida. Quem sabe um dia eu não jogue tudo para o alto e faça a maior loucura! Seguir rumo a um lugar incomum, ser um peregrino… um dia quem sabe eu volte às fantasias de uma criança presa ao passado. Se fizesse metade das aventuras que sonhei quando pequeno não me animaria um terço com os filmes Hollywoodianos, pois só eu sei das minhas travessuras e dos filmes de terror, meros pesadelos durante a noite que faziam meu colchão encharcar-se de urina quente. Broncas e broncas, dias e dias, sonhos e sonhos… hoje sei o que eu poderia ser, mas não posso. Não posso e pronto! Não se trata de falta de coragem para deixar que meu mundo se revire, trata-se de uma quantia enorme de medo. Medo e coragem correm paralelamente, como carros que disputam a chegada numa pista veloz… como o ônibus em que estou que quase voa nessa seletiva perigosa. É tarde, é mais uma rotina que se foi, chega o meu ponto, desço sabendo que amanha farei o mesmo trajeto, talvez as mesmas coisas na variância dos ritmos. Amanhã, quando eu levantar, sentirei o pesar das minhas palavras… agora não… agora só estou é com sono. Boa noite.

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